São alterações na estrutura valvular, de diferente origem, que ocasionam um funcionamento
inadequado e, como consequência, uma anormal função do coração como bomba. Podem ser devidas a estreitamento valvular (estenoses)
e/ou ao seu fechamento inadequado, ocasionando regurgitação (insuficiência).
Em pessoas jovens a válvula mais frequentemente afectada é a
mitral, enquanto em pessoas maiores é a aórtica.
Causas:
Existem diferentes causas destas doenças. Até alguns anos a
causa mais frequente era a febre reumática. Uma doença de carácter imunitário em relação com uma infecção por estreptococo.
Na actualidade, a causa mais frequente é a degenerativa em relação com a idade e com diferentes tipos de alteração degenerativa
do tecido valvular. Também pode ser de origem infecciosa em consequência de uma endocardite infecciosa.
Em
ocasiões, quando existe falta de irrigação do músculo cardíaco (doença coronária) pode alterar-se o funcionamento valvular,
fundamentalmente da válvula mitral. Existe a possibilidade de malformação valvular desde o nascimento (congénita) sobretudo
da válvula aórtica. Raramente podem afectar-se as válvulas nas alterações do tecido conectivo ou doenças reumáticas.
Sintomas: A manifestação fundamental destas doenças é a insuficiência
cardíaca, com aparição de dificuldade respiratória, cansaço, inchaço das pernas, sobretudo na zona dos tornozelos. Também
pode aparecer dificuldade respiratória mais ou menos repentina, ou ao deitar-se, melhorando ao depois e obrigando o paciente
a permanecer sentado. Em outras ocasiões podem aparecer palpitações, perda de conhecimento ou síncope, bem como dor ou sensação
de opressão no peito.
Como se diagnostica?
Geralmente
o médico detecta a aparição de um sopro ao auscultar o enfermo. Este sopro é o ruído produzido pela turbulência e vibração
do sangue que aparecem como consequência da lesão valvular. O sopro costuma ser diferente dependendo do tipo de lesão (estreitamento
ou regurgitação) e da válvula (mitral, aórtica, tricúspide ou pulmonar) afectada. Transmite-se através do corpo do indivíduo
e o médico o escuta através do fonendoscópio, que transmite o som com grande fiabilidade. O electrocardiograma e a radiografia
do tórax permitem apreciar as consequências da doença valvular, mas a exploração fundamental para o seu diagnóstico é a Ecocardiografia
com estudo Doppler. Esta técnica permite estudar de forma muito precisa o tipo e grau de lesão da afectação valvular, sendo
imprescindível para seu estudo. Se suspeita de doença das artérias coronárias pode ser necessária a realização de coronariografia.
Tratamento
Nas
fases iniciais o tratamento pode ser médico tentando melhorar e prevenir a insuficiência cardíaca. Por isso se utilizam os
medicamentos eficazes no tratamento desta. Em ocasiões podem requerer-se antiarrítmicos e/ou anticoagulantes. Em fases mais
avançadas e segundo o grau de repercussão da doença, pode estar indicado o tratamento intervencionista através da dilatação
valvular ou a intervenção cirúrgica.
A
cirurgia destas lesões pode consistir na reparação não sempre possível da lesão valvular, ou na substituição por uma válvula
protética artificial na maioria das ocasiões. Estas válvulas artificiais podem ser de materiais mecânicos, precisando do uso
de medicamentos anticoagulantes durante a vida ou de materiais biológicos cuja durabilidade é menor.
Prognóstico:
Geralmente é favorável com tratamento, pelo que é muito importante
a eleição do momento do tratamento cirúrgico e intervencionista que mudam de forma radical a evolução natural da doença. A
decisão da intervenção se toma antes que se produzam sequelas irreversíveis sobre o próprio coração como a dilatação exagerada
das câmaras cardíacas, sobretudo o ventrículo esquerdo que pode conduzir à aparição de insuficiência cardíaca crónica apesar
do tratamento cirúrgico.